O pior dos mundos cria-se quando além de deixar de responder, declarações são feitas em um sentido duvidoso quanto a efetiva gestão do território municipal sob sua competência, sejam elas através do próprio prefeito falando ou através das Secretarias de seu governo.
Colocarei aqui as declarações e suas fontes:
" Posso dizer que esta obra é uma espécie de declaração de amor ao Rio de Janeiro. Seu subúrbio viveu mais de 49 anos de um abandono em alto grau. Quando entregamos a Transcarioca, não falamos apenas de mobilidade, mas da recuperação dos bairros do subúrbio carioca, que é a alma dessa cidade. O BRT vai permitir que o Rio de Janeiro se encontre e redescubra sua verdadeira identidade."
Eduardo Paes
"Paes reforçou que a implantação será gradual e levará benefícios à população local. "Uma área inacessível, detonada, degradada da cidade foi transformado em um lugar onde a mobilidade está totalmente facilitada. Não se faz só a implantação das estações do BRT, faz drenagem, qualifica, faz calçadas, implanta praças, área de lazer", disse."
Fonte:http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/05/paes-testa-brt-transcarioca-dois-dias-antes-de-inauguracao-com-dilma.html
" Em nota, a Secretaria municipal de Obras informou que a implantação do Parque Madureira reduziu em três graus a temperatura da região. De acordo com o órgão, a prefeitura realiza “ações a fim de reduzir a sensação térmica na cidade” e que a implementação dos BRTs é acompanhada pela reurbanização das regiões em torno e do plantio de árvores."
Secretaria Municipal de Obras
Considerando as declarações acima, depois de meses de denúncias e protocolos de 1746 na Prefeitura com exatamente estas fotos, temos a atualizar no conteúdo deste blog:
Os terrenos resultantes de desapropriação, mesmo tendo a Transcarioca ocupado todas as praças do bairro, continuam tão baldios quanto a 8 meses atrás:
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A praça sob o viaduto Renatinho Partideiro, construido no bairro exclusivamente para o BRT Transcarioca, sem calçamento ou mobiliário urbano. Uma praça sem uso pelo abandono depois da obra. |
Novos problemas identificados em uma mera caminhada no bairro de Ramos:
1. Na praça Professor Mourão Filho ainda existe o registro em um cemitério de arvores do total que foi retirada do bairro pela Prefeitura. Ruas, como a Rua Emilio Zaluar, tiveram 100% de sua cobertura vegetal removida, e nem numa praça, onde as arvores não estavam no trajeto, o verde foi mantido ou reposto:
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Mesmo as arvores não estando no trajeto, não foram respeitadas. Seus tocos e falta de reposição marcam o desrespeito a natureza em uma cidade tão quente quanto o Rio, principalmente na zona norte. |
2. No Viaduto São Cosme, paralelo ao mesmo, existe uma passarela que liga a Rua Leopoldina Rego a Rua Vassalo Correia, uma de cada lado do trilho do trem. A mesma foi parcialmente desmontada do lado da Rua Vassalo Correia para a obra, mas nunca mais foi remontada. Como o lado da Rua Leopoldina Rego ainda está aberto, o cidadão carioca poderá subir nela e descobrir que não há saída reposta, tendo que retornar e andar mais um quilometro até a passagem mais próxima entre os lados do bairro:
O triste é saber que mesmo sabendo o que estavam fazendo, fizeram. Abaixo recortes do RAS (Relatório Ambiental Simplificado) da Transcarioca, no que tange ao trecho 2 e mais especificamente a Ramos:
Os bairros estudados são marcados por uma maioria de áreas alteradas e
urbanizadas. O bairro de Ramos é o mais urbanizado, seguido por Olaria e Penha.
...
Segundo dados do Instituto Pereira Passos, os bairros estudados localizam-se na AP-
3, que apresenta áreas destinadas ao lazer muito inferior as áreas da AP-2, onde se
encontram os bairros da Zona Sul. A AP-3 tem no total de 1.306.486 metros
quadrados de área de lazer, distribuídas em praças, parques, jardins e outros. Cerca
de 88 539 494 metros quadrados da AP-3 são destinados a áreas de parque. Todavia,
não há nenhum parque nos bairros abrangidos pelo trecho/etapa 02 da Transcarioca.
Na área estudada, somente são encontradas áreas de praças, jardins, entre outros.
...
As praças, segundo os dados do IPP, são o tipo de espaço público mais comum nos
bairros estudados, nas quais a população pode encontrar brinquedos infantis, quadras
de esporte, bem como realizar atividades de comunhão social.
A ausência de parques em todos os bairros e a ausência de jardins em Ramos, Olaria
e Penha - bairros densamente habitados - nos revela que as praças são os espaços fornecidos pelo Estado para a socialização. No entanto, essas ainda se mostram em
quantidade insuficiente, considerando as necessidades locais.
Secretaria Municipal de Obras
Coordenadoria Geral de Obras
5ª Gerência de Obras
Fonte: http://www.poiesiseditora.com.br/sites/g/files/g488012/f/201312/RAS.TRANSCARIOCA.Etapa2_.2011.pdf
E mesmo assim, as praças que foram sacrificadas:
Infelizmente mantenho minha necessidade em cobrar da Prefeitura do Rio, tudo que era de conhecimento da mesma e que foi declarado para a midia, que por má gestão da cidade, não foi aplicado na vida real.
O que não consigo entender é porque os grandes canais de comunicação não aproveitam este material. Será que é pelo grande volume de propaganda que a Prefeitura do Rio está pagando? Fica a dúvida...
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