domingo, 15 de novembro de 2015

Resumo de Ramos, para quem não conhece os graves problemas do bairro

De forma a deixar clara as mazelas do bairro de Ramos, na Cidade Maravilhosa, ou como chamam agora: Cidade Olímpica, ou mais tradicional: São Sebastião do Rio de Janeiro; fizemos um resumo do que fingem ignorar neste que é o tradicional reduto do que mais gera receita no município: o samba. 
A locação do Cacique de Ramos e da Imperatriz Leopoldinense e nosso bairro criam uma dicotomia do esmero da Prefeitura em cuidar deste patrimônio imaterial que não se reflete no patrimônio material do nosso bairro.

Capitulo 1: Mobilidade em Ramos


Como grande parte dos subúrbios cariocas, Ramos já nasceu cortado ao meio pelos trilhos da ferrovia do ramal da estação Leopoldina, por isto é considerado um dos bairros da zona da Leopoldina.

Nesta foto da década de 1920 já é possível identificar o "buraco" de Ramos


Como todos os bairros da zona da Leopoldina, tem neste seccionamento do bairro pelos trilhos do trem um grande desafio de mobilidade. "Buracos" (passagens subterrâneas), passarelas e viadutos foram construídas com intuito de reduzir este grande impacto , mas não atendem mais aos critérios de acessibilidade e nem sequer de manutenção.

Viaduto Sâo Cosme e Damião, parte das soluções para interconexão de Ramos

No diagnostico destas passagens, temos algumas reportagens sobre:

Passarela em Ramos está abandonada, com sujeira e tem problema de iluminação 
Matéria em integra:

Moradores reclamam de obras inacabadas em passarelas no Rio

Falta conservação em passagem da SuperVia em Ramos

Mas ainda temos outros pontos de atenção, que de tão acostumados ao errado, esquecemos de cobrar o certo:

O BRT Transcarioca, declarada como Legado Olímpico do bairro, fez na Rua Emilio Zaluar algo impar em todo o seu trajeto! É o unica via de todo trajeto de todo o corredor onde a velocidade máxima é de 20km/h, por razões óbvias: também é a única rua residencial por onde o BRT passa. 

BRT Transcarioca Ao longo de 27 bairros, a Transcarioca liga a Barra da Tijuca à Ilha do Governador, diminuindo distâncias e trazendo mais rapidez ao dia a dia
Leia em integra o que foi vendido a população carioca:

http://www.cidadeolimpica.com.br/orgulho-da-transcarioca/

Destaco o seguinte paragrafo deste site:

"Com 39km de extensão e 47 estações, a Transcarioca passa por 27 bairros que ganharam, como consequência das obras do corredor, uma verdadeira transformação. Calçadas e pavimentação novas, reestruturação no sistema de drenagem, melhoria na iluminação, passarelas e novos semáforos foram algumas das mudanças em bairros como Vicente de Carvalho, Vaz Lobo, Madureira, Campinho, Jacarepaguá, Penha e Ramos."

E remeto a reportagem da Rede Record acima mencionada e pergunto: Que passarela?

Já que também foram citadas calçadas pela Cidade Olímpica, voltemos a Rua Emilio Zaluar:

Rua Emilio Zaluar, em Ramos, após as obras do BRT Transcarioca



Conseguem observar como a calçada ficou após este legado? Em alguns trechos apenas com 60 cm de largura, e estes míseros disputados por postes, latas de lixo, carros e, quem menos tem direito em toda esta estória: o pedestre!

A versão da estória que contam é que os moradores não foram desapropriados em um ato de bondade da Prefeitura, bondade esta que deixou-os sem calçada, sem vagas de garagem, sem árvores para auxiliar no verão carioca e sem paz (este abordarei mais à frente no texto). 

Usaram de enrolação, de falta de orientação, até mesmo de uma ou outra proposta irrisória de remuneração pelo imóvel para que o próprio morador de Ramos aceitasse esta situação de não desapropriar. Um valor correto, que permitisse o morador continuar morando no bairro (afinal, o que não falta em Ramos são imóveis vagos) estava além da possibilidade financeira de oferta da própria Prefeitura do Rio!

Achamos o motivo do ato de bondade, de não oferecerem um valor justo para desapropriar imóveis como originalmente previsto (veja a lei que citava os imóveis aqui: http://www.ademi.org.br/article.php3?id_article=52746):


Mergulhões do Transcarioca custaram o dobro, diz TCM

Destaque nosso da matéria:

"Auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ) pede à Prefeitura do Rio a devolução de R$ 66 milhões referentes a obras no Transcarioca. O dinheiro foi um ‘extra’ usado na construção de dois mergulhões na Barra, que custaram R$ 133 milhões, o dobro do valor previsto no projeto"

Deixando mais simples: precisavam economizar o que gastaram a mais na Barra da Tijuca! Melhor forma? fazendo porcamente a obra em Ramos, pois a Barra da Tijuca não pode ficar feia. Aliás, lembram de nossa passarelas por sobre o trilhos da Supervia, sendo que uma foi demolida pela Prefeitura para passar a Transcarioca? Observem o padrão das passarelas construídas na Barra da Tijuca:

Passarela do BRT Transcarioca, inaugurada recentemente na Barra, alaga em dia de chuva fraca
Uma passarela larga, com rampas e corrimão de aço escovado, com um pequeno erro de caimento da chuva, mas que foi prontamente resolvido pela Secretaria Municipal de Obras! Quanto a Ramos? Nenhuma passarela ou correção das obras...

Os otimistas dizem: mas ganhamos muito com o BRT Transcarioca, mas fica a pergunta: quem tem coragem de usar?



E esta, que prometi voltar com o tema da Rua Emilio Zaluar:


Depois de ler sobre calçadas, passarelas e BRT que não atendem as necessidades básicas de segurança, você que anda de carro pensa que nada tem a ver com isto, mas reavalie:

BRT Transcarioca provoca engarrafamento nas transversais


Matéria em integra:

http://extra.globo.com/noticias/rio/brt-transcarioca-provoca-engarrafamento-nas-transversais-14177986.html

Lembrando: Não somos contra a Transcarioca, mas somos contra obras mal feitas com o nosso dinheiro!

Em um momento, a Prefeitura do Rio fingiu querer nos ouvir através de um programa chamado "Desafio Àgora", uma plataforma de relacionamento do cidadão com a mesma. Então juntando esforços, de forma a continuarmos agindo em prol da qualidade de vida em nosso bairro, fizemos uma proposta para Ramos:


Elevar ou colocar subterrâneos os trilhos da Supervia em bairros estratégicos
Leia em integra:

Destaque:

"Estes dois diagnosticos levam a proposta de elevação dos trilhos ou implantação de passagem subterrânea dos trilhos, entre as Estações de Bonsucesso e Ramos, resultado em reconexão dos lados do bairro e em uma grande área de lazer para a população. A liberação das áreas a nível do chão permite um deslocamento a pé e um fluxo de pessoas mais intenso reintegrando e permitindo aos bairros crescerem, gerarem emprego e reduzirem a necessidade de deslocamento."

Mas então pegam a ideia que foi proposta para Ramos e aplicam em vários bairros, menos Ramos:

"Outro projeto importante é o da reformulação das principais estações ferroviárias das zonas Norte e Oeste da cidade, com o rebaixamento do leito ferroviário, eliminação de barreiras visuais nos bairros, a reintegração dos bairros separados pela linha férrea e o reestabelecimento da circulação de pessoas e veículos ao nível do solo. Entre as possíveis áreas do projeto estão Pavuna, Rocha Miranda, Penha, Bangu, Penha Circular, Mercadão de Madureira, Pilares, Campo Grande, Cascadura/Madureira, Central, Santa Cruz, Méier e Engenho Novo."

Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5665645

E assim vamos ficando para trás, sendo usados como massa de manobra e de geração de votos na eleição, sem que nada nos seja revertido...


Próximo capitulo: Lazer em Ramos