segunda-feira, 30 de maio de 2016

Resumo de Ramos, para quem não conhece os graves problemas do bairro


De forma a deixar clara as mazelas do bairro de Ramos, na Cidade Maravilhosa, ou como chamam agora: Cidade Olímpica, ou mais tradicional: São Sebastião do Rio de Janeiro; fizemos um resumo do que fingem ignorar neste que é o tradicional reduto do que mais gera receita no município: o samba. 
A locação do Cacique de Ramos e da Imperatriz Leopoldinense e nosso bairro criam uma dicotomia do esmero da Prefeitura em cuidar deste patrimônio imaterial que não se reflete no patrimônio material do nosso bairro.

Capitulo 2: Meio Ambiente em Ramos


Inserido numa das áreas de ocupação mais antigas da cidade do Rio de Janeiro, o grande adensamento de ocupação do solo e a falta de política ambiental clara na região acabou gerando uma das áreas de menor cobertura vegetal disponível do município, em contradição ao grande indicador residencial de uso do solo:

Estatísticas de Uso de Solo com técnicas de geoprocessamento - Fonte: Inst. Pereira Passos - Prefeitura do Rio de Janeiro (2013)
Na figura acima, vemos que a Área de Planejamento 3, onde Ramos está inserido, possui apenas 7,74% de áreas verdes de toda sua área, pior em proporção até do que a Área de Planejamento 1, que trata do Centro do Rio.
Observa-se também que 62,10% da área da AP3 é ocupada por residências, e quando subtrai-se a área não ocupável (afloramentos rochosos, bacias sedimentares, entre outros) o número sobre para 83,87%, ou seja, é a região a maior proporção de área residencial do Rio de Janeiro
Mas e a contribuição de Ramos nesta pequena parcela de áreas verdes da AP3? Quebramos a Área de Planejamento 3 em Regiões Administrativas, e nossa realidade piora:

Distribuição de áreas verdes da Área de Planejamento 3 por Região Administrativa
Observamos a pífia participação da X RA de Ramos nas estatísticas, cabendo a contribuição de áreas militares da Ilha do Governador como a grande parcela de reserva verde da AP3, embora desconexa geograficamente da mesma por ser uma Ilha.

Veja aqui os limites geográficos das áreas de planejamento e das regiões administrativas:


Nesta mesma fonte, o Instituto Pereira Passos da Prefeitura do Rio, conseguimos dados de áreas de lazer da cidade, de 2013, e as estatísticas de correlação entre lazer e área verde se confirmam paraRamos:

Ramos, entre os 162 bairros cariocas, é 140º pior bairro em proporção de área residencial (demanda) x áreas destinadas ao lazer (oferta), em 2013
Na escala de áreas de planejamento, o Censo Populacional 2010 do IBGE comparado as áreas de lazer, chegamos a seguinte informação:

zona norte, mais especificamente a Área de Planejamento 3 (onde a zona da Leopoldina e o bairro de Ramos está inserido), tem o menor percentual de áreas de lazer da cidade (12%), embora 38% dos cariocas lá residam. Já a zona sul possui 20% das áreas de lazer com apenas 16% da população. A zona oeste tem 60% das áreas de lazer e 41% da população carioca. Isto tudo sem contabilizar as praias enquanto areas de lazer, onde sabemos que a zona oeste e sul as possui, enquanto as da zona norte, atendidas pela Baia da Guanabara, não tem condições de balneabilidade devido a poluição.

Fontes:
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/usosolo.xml
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/basegeoweb.xml

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=330455

E não bastando os dados do IPP (Inst. Pereira Passos) mostrando esta carência, para a construção do BRT - Transcarioca, outro órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro ratificou com análise de campo o que as estatísticas já diziam:

"As praças, segundo os dados do IPP, são o tipo de espaço público mais comum nos bairros estudados, nas quais a população pode encontrar brinquedos infantis, quadras de esporte, bem como realizar atividades de comunhão social. A ausência de parques em todos os bairros e a ausência de jardins em Ramos, Olaria e Penha - bairros densamente habitados - nos revela que as praças são os espaços fornecidos pelo Estado para a socialização. No entanto, essas ainda se mostram em quantidade insuficiente, considerando as necessidades locais. " 

Secretaria Municipal de Obras Coordenadoria Geral de Obras 5ª Gerência de Obras
http://www.poiesiseditora.com.br/sites/g/files/g488012/f/201312/RAS.TRANSCARIOCA.Etapa2_.2011.pdf

E a realidade continuava a acumular notícias ruins sobre para a região:

Evolução das Ilhas de calor no Rio -  VozeRio 10/2015


"Segundo Lucena, para comprovar este efeito, basta prestar atenção em quais são as áreas mais quentes da cidade: todas estão próximas a grandes vias.
Este é o caso das áreas ao redor da Avenida Brasil, como Leopoldina, Caju, Manguinhos, Bonsucesso, Olaria, Irajá, Costa Barros e Deodoro"

Geógrafo Andrews Lucena, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Fonte: http://vozerio.org.br/Rio-70-graus


"Mas, em um país marcado pela histórica desigualdade social, nem o calor é democrático. Em bairros mais nobres do Rio, a temperatura média do solo (registrada por satélite) pode ser cerca de seis graus mais baixa do que os índices registrados na região com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o Complexo do Alemão."

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/areas-mais-carentes-do-rio-tem-temperaturas-mais-altas-aponta-estudo-18441075.html#ixzz4ABjr4rpW

Promessas, ah! as promessas:


Com todas estas informações disponíveis, a Prefeitura do Rio nos últimos 8 anos trabalhou muito e... não mudou ou piorou o cenário!

Vejamos as promessas de áreas de lazer, arborização e implantação de ciclovias para redução de emissão de poluentes, um dos fatores que contribuem para as Ilhas de Calor:

Ciclovias:
"Previsto no Planejamento Estratégico da cidade e no Dossiê de Candidatura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o programa vem tendo por base o crescente fortalecimento do uso da bicicleta na cidade de 20 anos para cá. Atualmente, cerca de 4% dos deslocamentos de curta e média distância – cerca de 1 milhão de viagens/dia – são feitos por esse meio de transporte, superando o número de usuários dos trens e barcas. Iniciado em 2009, a partir de uma rede já implantada com 150Km de ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas, o programa tem como meta implantar até o final de 2016 mais 300km. A intenção é que, no ano de realização dos Jogos, a rede de ciclovias esteja integrada aos demais modais de transporte, interligando as regiões do evento e, dentro de cada uma delas, as respectivas instalações. O programa também prevê a Plano de Gestão da Sustentabilidade 25 implantação de estações de guarda e empréstimos de bicicletas em vários pontos da cidade e fomento da cultura do uso da bicicleta como meio de transporte. Indicadores de desempenho: quilometragem implantada, número de viagens, toneladas CO2 evitadas."


Isto conciliado ao Plano Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro 2009 - 2012: 

"Há um grave desequilíbrio no nível e dinamismo econômico entre as diversas regiões da cidade (Barra x zona da Leopoldina, por exemplo)


Fonte: http://www.riocomovamos.org.br/arq/planejamento_estrategico.pdf

Nos dava muita esperança! Afinal, Ramos é um dos bairros que é margeado pela principal fonte de CO2 da cidade: Av. Brasil, e ainda contávamos com uma grande parcela de população que realmente tem necessidade de uso de bicicletas:

A realidade financeira dos ciclistas

"Engana-se quem pensa que os ciclistas brasileiros são ativistas de classe média alta e pessoas que usam a bike por lazer e aproveitam as ciclofaixas. No Brasil, a bicicleta é um meio de transporte relevante para a população mais pobre, aquela que muitas vezes fica de fora das políticas de mobilidade urbana."


Perfil do Ciclista - ONG Transporte Ativo
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/01/24/Esque%C3%A7a-os-estere%C3%B3tipos.-Saiba-quem-de-fato-usa-a-bicicleta-no-Brasil

E realmente foi um fato também para o Rio de Janeiro o escrito na matéria sobre a exclusão das políticas de mobilidade urbana: 
O mapa mostra em vermelho a região que não possui qualquer estrutura cicloviária, AP3, onde Ramos se insere, mais uma vez destaca-se pela exclusão.
Fonte população: IBGE - Censo 2010

Voltando as áreas verdes ou de lazer, as promessas em notícias:


"Paes reforçou que a implantação será gradual e levará benefícios à população local. "Uma área inacessível, detonada, degradada da cidade foi transformado em um lugar onde a mobilidade está totalmente facilitada. Não se faz só a implantação das estações do BRT, faz drenagem, qualifica, faz calçadas, implanta praças, área de lazer", disse."

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/05/paes-testa-brt-transcarioca-dois-dias-antes-de-inauguracao-com-dilma.html

" Em nota, a Secretaria municipal de Obras informou que a implantação do Parque Madureira reduziu em três graus a temperatura da região. De acordo com o órgão, a prefeitura realiza “ações a fim de reduzir a sensação térmica na cidade” e que a implementação dos BRTs é acompanhada pela reurbanização das regiões em torno e do plantio de árvores."
http://extra.globo.com/noticias/rio/verao/obras-no-rio-elevam-temperatura-do-solo-em-vinte-graus-15065781.html


Mas os fatos foram diferentes. Lembram que o bairro de Ramos estava em 140ª posição em relação a área residencial x disponibilidade de áreas de lazer em 2013? Que o diagnostico em campo da Secretaria Municipal de Obras dizia que não havia Parques e Praças o suficiente para a população?
Este foi o "Legado Olímpico" no bairro:


Com praças inutilizadas, moradores de Ramos ficam sem opções de lazer
Quatro espaços foram desativados por causa das obras do BRT Transcarioca

Moradores de Ramos, na Zona Norte do Rio, ficam sem área de lazer após obras do BRT



Árvores não foram replantadas em Ramos
Moradores alegam que elas foram cortadas para obra de BRT; secretaria nega
http://oglobo.globo.com/eu-reporter/arvores-nao-foram-replantadas-em-ramos-17845963#ixzz3pPZICBa3


Ou seja, em 2016, após o BRT Transcarioca, o que era ruim piorou nesta parte esquecida da Cidade "não maravilhosa" ou "não olímpica". Talvez não fosse injusto dizer, que esta região estava melhor antes das Olimpíadas...



quinta-feira, 31 de março de 2016

Preconceito Geográfico

Senhores,

gostaria de compartilhar fatos que não causam estranheza mais para sociedade carioca, e que neste caso, me aumenta a estranheza...

Um novo padrão de preconceito se propaga na cidade do Rio de Janeiro, o Preconceito Geográfico! Isto ocorre quando o administrador municipal oficialmente desiste de exercer seu papel em determinados bairros e se empenha muito em outros.

Trago uma ilustração que deixa claro como funciona:



Esta diferença gritante entre bairros da mesma cidade, que receberam o mesmo "Legado Olímpico", sendo a obra única, conduzida pela mesma Secretaria de Obras, durante a mesma gestão municipal,  e que caracteriza o Preconceito Geográfico em sua essência, pois deixa claro que nem todos cidadãos cariocas são iguais perante ao poder publico municipal.

Até mesmo declarações públicas são feitas, sem nenhum pudor! Vejam esta declaração feita sobre terem mudado o Pátio Olímpico (e o principal legado que deveria ocorrer para o Rio) da Ilha do Fundão, na zona norte (próximo ao bairro de Ramos), para a zona oeste, na Barra:

"É claro que a mudança do projeto para a Barra foi essencial e que as transformações feitas na cidade já são visíveis. Gosto da frase do Carlos Arthur Nuzman (presidente do COB) sobre as alterações: agora, vamos receber os visitantes na sala. "

Ainda nesta matéria declara-se que existe um grave problema de infraestrutura há 20 anos atrás que perdura até hoje! Ou seja, era um problema para as Olimpíadas? Esconda da mídia internacional! Não resolva! A população carioca da região não é importante! Pior: transforme a única obra olímpica que esta mesma região teve em problemas!

Com 39km de extensão e 47 estações, a Transcarioca passa por 27 bairros que ganharam, como consequência das obras do corredor, uma verdadeira transformação. Calçadas e pavimentação novas, reestruturação no sistema de drenagem, melhoria na iluminaçãopassarelas e novos semáforos foram algumas das mudanças em bairros como Vicente de Carvalho, Vaz Lobo, Madureira, Campinho, Jacarepaguá, Penha e Ramos."
http://www.cidadeolimpica.com.br/orgulho-da-transcarioca/

Vamos ver a nova calçada:

Onde estaria a calçada, com este projeto de passarela?

Por que o morador de Ramos pode conviver com um projeto assim? Seria na Barra cabível uma obra destas?

Detalhes: http://extra.globo.com/noticias/rio/passarela-construida-muito-perto-de-predio-residencial-no-rio-18958722

Nesta foto é possível ver o reestruturado sistema de drenagem do BRT Transcarioca, em Ramos - Rua Emílio Zaluar
Quando seco, possível ver a calçada onde cabe um poste, uma papeleira e... mais nada
Neste ultimo caso, a promessa de que a fiação seria subterrânea (ou submarina?) ao longo do corredor BRT Transcarioca não deve ter sido valido para Ramos.

Quem passa pelo Transcarioca nem percebe, mas, por baixo dos quase 40 quilômetros de pista de via exclusiva de ônibus, há seis dutos de 75 milímetros quadrados. Chamados de dutovias, os compartimentos gigantescos subterrâneos foram colocados durante a obra do corredor e serão a nova ‘moradia’ de cabos de concessionárias de serviços (...). “Não vamos mais aceitar que os cabos que forem instalados sejam na superfície. Agora, tudo terá que ficar nas dutovias”
Secretário municipal de Conservação, Marcus Belchior Corrêa


Por que será que acreditamos que na Barra isto realmente aconteceu?

Parafraseando o então candidato à Prefeito e hoje responsável pela acima descrito, será que "Somos um Rio"?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Resumo jornalístico


Este material tem cunho de divulgação de todo o "cliping" de informações jornalisticas e de relatórios tecnicos da própria Prefeitura sobre o bairro de Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro mas não parte da Cidade Maravilhosa e muito menos da Cidade Olímpica. Este material é público e de livre reprodução:

Em um resumo, mostra-se como o Legado Olímpico BRT Transcarioca, o único da região, foi implantado para a população carioca moradora do bairro de Ramos (bairro da Zona da Leopoldina, na Zona Norte do Rio) e como ela deixou a vida dos mesmos dentro de um conceito de "Cidade NÃO Olímpica".





A expectativa era grande, já que é uma área industrial dos anos de 1970 abandonada e degradada, exatamente como em Londres. O conjunto de bairros da Zona da Leopoldina era como o "distrito de Stratford" (referência a Olímpiadas de Londres) carioca e a perspectiva de aproveitar o investimento olímpico para resgatar uma grande área degradada da Cidade seria o normal a qualquer evento deste porte.

Uma proposta de equipamentos Olímpicos na Ilha do Fundão (quadras, piscinas e campos), com recursos federais sustentados através da UFRJ e de alunos e professores de Educação Física desta mesma universidade aprendendo e ensinando a uma geração de futuros atletas da Maré do Alemão e de outras áreas carentes da zona norte, seria um legado esportivo e social fantástico e muito mais tangíveis que os atuais.


O resgate dos bairros que margeiam a Av. Brasil, esquecidos e abandonados a décadas, com construção apartamentos populares para árbitros e atletas que pudessem depois ser revertidos em habitação com dignidade ou reocupação da região, agregando transporte de qualidade no eixo do Fundão, Galeão e conectando ao Centro do Rio, seria também um grande legado urbanístico e econômico. O investimento do resgate da região permitiria que o entorno de dois grandes centros mundiais em pesquisa (UFRJ e FIOCRUZ) se desenvolvesse economicamente no muncipio, com os corretos incentivos.

No mínimo, uma estrutura próxima ao Galeão não demandaria que a o Rio de Janeiro parasse toda para a Olimpíadas, já que as delegações se movimentariam menos ao longo do eixo Galẽao, Fundão e Deodoro.

No plano original das Olimpíadas, em 1995/96, confeccionado por uma Consultoria Internacional contratada pela própria Prefeitura do Rio de forma a garantir um legado real para a cidade, contemplava o Parque Olímpico na Ilha do Fundão, exatamente pelo descrito acima, mas foi apenas mais dinheiro público descartado, já que o projeto foi ignorado. A vergonha internacional do esgoto in natura nos rios da região os fez desistir do plano e não incluir nele esta parte importante da despoluição da Baia da Guanabara

"No Rio de Janeiro, quando a Prefeitura pensou a primeira vez no projeto olímpico, foi no ano de 1995, 1996, quando o prefeito Cesar Maia contrattou uma assessoria de Barcelona e a primeira proposta era de concentrar o Parque Olímpico no Fundão, na Zona Norte, o que permitiria a construção de instalações esportivas para beneficiar a população mais pobre"
Gilmar Mascarenhas, Prof de Geografia Urbana da UERJ


Fonte: http://esportes.estadao.com.br/noticias/jogos-olimpicos,o-rio-insistiu-em-um-modelo-fora-de-moda--diz-gilmar-mascarenhas,10000016145


Fica clara a estratégia de não resolver os problemas da cidade, e sim esconde-los. Enquanto a Barra seria comparada a "Sala" após a remoção das favelas lá existentes, qual comparação caberia a região do entorno do Fundão (zona da Leopoldina)? "Quintal com sumidouro de esgoto"?
"É claro que a mudança do projeto para a Barra foi essencial e que as transformações feitas na cidade já são visíveis. Gosto da frase do Carlos Arthur Nuzman (presidente do COB) sobre as alterações: agora, vamos receber os visitantes na sala. "


Contextualizando o desprezo que se seguiu ao abandono, falemos da unica obra Olímpica da zona da Leopoldina, próximo ao plano abandonado e esquecido de Cidade Olímpica com legado real:

Antes do projeto, tínhamos os seguintes diagnósticos para suportar a necessidade de investimento na zona norte:
Com base na informação do IBGE e do IPP, geramos estastiticas da Cidade Maravilhosa:
Análise geografica comparativa de distribuição de áreas de lazer e da população na cidade do Rio de Janeiro, com os dados do IPP (Instituto Pereira Passos) e do IBGE (Inst. Brasileiro de Geografia e Estatistica). Os números mostram o porquê do morador da zona norte ter que se deslocar em busca de lazer na zona sul ou zona oeste. A zona norte, mais especificamente a Área de Planejamento 3 (onde a zona da Leopoldina e o bairro de Ramos está inserido), tem o menor percentual de áreas de lazer da cidade (12%), embora 38% dos cariocas lá residam. Já a zona sul possui 20% das áreas de lazer com apenas 16% da população. A zona oeste tem 60% das áreas de lazer e 41% da população carioca. Isto tudo sem contabilizar as praias enquanto areas de lazer, onde sabemos que a zona oeste e sul as possui, enquanto as da zona norte, atendidas pela Baia da Guanabara, não tem condições de balneabilidade devido a poluição. O IPP e o IBGE são órgãos oficiais da Prefeitura do Rio e do Governo Federal, respectivamente, e os dados estão disponíveis ao publico os respectivos sites

http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/usosolo.xml
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/basegeoweb.xml


No Plano Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro 2009 - 2012:
"Há um grave desequilíbrio no nível e dinamismo econômico entre as diversas regiões da cidade (Barra x zona da Leopoldina, por exemplo). A carga tributária excessiva, as barreiras burocráticas (abertura/ fechamento de empresas, licenciamento ambiental, pagamento de impostos), os índices de criminalidade, a falta de investimentos em infraestrutura e o desrespeito aos direitos de propriedade e às regras de mercado são os principais obstáculos para o crescimento econômico da cidade."


http://www.riocomovamos.org.br/arq/planejamento_estrategico.pdf

No Relatório Ambiental Simplificado da implantação da Transcarioca:
"As praças, segundo os dados do IPP, são o tipo de espaço público mais comum nos bairros estudados, nas quais a população pode encontrar brinquedos infantis, quadras de esporte, bem como realizar atividades de comunhão social. A ausência de parques em todos os bairros e a ausência de jardins em Ramos, Olaria e Penha - bairros densamente habitados - nos revela que as praças são os espaços fornecidos pelo Estado para a socialização. No entanto, essas ainda se mostram em quantidade insuficiente, considerando as necessidades locais. "

Secretaria Municipal de Obras Coordenadoria Geral de Obras 5ª Gerência de Obras
http://www.poiesiseditora.com.br/sites/g/files/g488012/f/201312/RAS.TRANSCARIOCA.Etapa2_.2011.pdf
Além dos relatórios oficiais, urbanistas manifestaram-se sobre a opção adotada:

Só querem privilegiar o mercado. Veja o que ocorre aqui no Rio com as Olimpíadas. Boa parte dos investimentos foi para a Barra, onde já existe infraestrutura básica. Por que não privilegiaram as áreas degradadas mais próximas ao Centro?
Luiz Fernando Janot, conselheiro federal IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil)

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/luiz-fernando-janot-critica-modelos-de-desenvolvimento-sem-integracao-entre-bairros-16313860



“O Rio deu as costas por muito tempo para a Zona Norte, que é a área mais consolidada da cidade. As pessoas estão indo embora de Bonsucesso. Não dá para construir habitação social em algumas áreas da Zona Oeste, onde não há nem cidade, e deixar a Zona Norte se esvaziar”
Clarisse Linke - vice diretora do ITDP Brasil


&

"O professor adverte que o poder público precisa investir para melhorar os índices sociais do subúrbio carioca, notadamente a região administrativa de Ramos, na Zona Norte, à qual pertence Bonsucesso.
É fundamental para o Rio de Janeiro que a qualidade de vida avance em bairros do subúrbio, e não apenas onde estão os formadores de opinião. Muitas áreas sofrem com décadas de degradação. Qualquer urbanista hoje considera que a cidade deve se expandir para as áreas mais carentes, e não para o Recreio dos Bandeirantes”
Mauro Osório - Professor na UFRJ

Fonte:
http://odia.ig.com.br/noticia/observatorio/2014-08-17/urbanismo-aliado-ao-transporte-propoe-remodelar-bonsucesso.html

"Estamos privilegiando uma zona da cidade já privilegiada, estimulando ainda um aumento histórico da especulação imobiliária. De quem são os interesses por trás disso? O (prefeito) Eduardo Paes foi subprefeito da Barra e todos os interesses econômicos da reigão estão por trás dele"


Christopher Gaffney - especialista no legado urbano de grandes eventos esportivos

Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/copa-do-mundo-e-olimpiada-investimento-publico-lucro-privado


"Pelo projeto Rio 2016, a Barra concentrará a maior parte dos equipamentos esportivos e a própria Vila Olímpica. Isso pode significar que o restante da cidade, especialmente os bairros do subúrbio, onde estão os maiores problemas de infraestrutura, poderão continuar como os grandes esquecidos pelo poder público, apesar das Olimpíadas?

Sérgio Magalhães: Os recursos serão muito importantes. Mas, se forem dirigidos prioritariamente para a Barra, a cidade vai sofrer muito. E a grande mudança que uma Olimpíada pode trazer vai ser minimizada porque o conjunto da população terá menos oportunidades do que teria, por exemplo, se os Jogos Olímpicos se concentrassem na área portuária. O Porto, agora, está disponível. Quando as Olimpíadas foram programadas, não havia o acordo entre os três níveis de governo. Os terrenos do Porto estavam impossíveis. Isso mudou. "

Sérgio Magalhães - presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil

Fonte:
http://www.oabrj.org.br/noticia/59264-em-entrevista-urbanista-critica-concentracao-de-recursos-das-olimpiadas-na-barra-da-tijuca

"Ferreira explorou também a escolha da Barra como coração dos jogos olímpicos de 2016, com a construção de locais como a Vila Olímpica e Paraolímpica e a Vila de Mídia, entre outros investimentos. "Para fazer o projeto, o Comitê Olímpico pegou o que seria mais fácil para ganhar o concurso, a Barra", disse Ferreira, referindo-se à candidatura da cidade junto ao Comitê Olímpico Internacional. Mas assim, ponderou, "o legado vai para os lugares mais ricos da cidade. A cidade deveria ter definido que a Olimpíada só deveria ser aqui se e somente tivesse um legado para a cidade". Contestação, admitiu Ferreira, que deveria ter sido feita à época da elaboração do projeto: "Nós, arquitetos, somos culpados, pois não falamos nada na época". Em Londres, o centro das Olimpíadas foi no East End, região degradada que se beneficiou dos grandes investimentos proporcionados pelos jogos "
Flavio Ferreira - professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)

Fonte:
http://www.iets.inf.br/article.php3?id_article=2022

“As Olimpíadas, com seus BRT’s direcionados para a Barra da Tijuca e com a totalidade de seus equipamentos habitacionais na própria Barra, além da maioria dos esportivos, contrariam frontalmente a posição dos arquitetos do Rio de Janeiro e as últimas tendências internacionais: as Olimpíadas, ao invés de democratizar a cidade torna-a mais elitista.”

Flavio Ferreira - professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)

Fonte:
http://www.iab.org.br/noticias/especialistas-criticam-mudanca-da-vila-de-midia-e-arbitros



Inclusive comparativamente ao que foi feito em Londres, que não foi aplicado ao Rio, que contextualiza as afirmações acima:

Londres, sede das Olimpíadas de 2012, também aproveitou a ocasião para regenerar de forma social, ambiental e física de uma de suas últimas reservas de terrenos: uma área industrial abandonada e degradada no distrito de Stratford,região leste da capital.
http://www.urbansystems.com.br/reports/ler/olimpiadas-o-legado-de-barcelona-a-experiencia-de-londres-e-as-perspectivas-para-o-rio-de-janeiro


Ao contrário de Londres, onde a hospedagem dos atletas deu lugar a moradias acessíveis numa área revitalizada da capital britânica, no Rio os prédios seguirão a lógica do alto padrão, com direito aos "Jardins do Rei", com mais de 70 mil metros quadrados, e apartamentos que podem valer mais de R$ 1 milhão.
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150809_construtora_olimpiada_jp
 
Algumas afirmações com relação ao Legado no bairro e na zona da Leopoldina, que tentava acalantar esta participação no legado carioca, mantinham pelo menos a esperança:

Posso dizer que esta obra é uma espécie de declaração de amor ao Rio de Janeiro. Seu subúrbio viveu mais de 49 anos de um abandono em alto grau. Quando entregamos a Transcarioca, não falamos apenas de mobilidade, mas da recuperação dos bairros do subúrbio carioca, que é a alma dessa cidade. O BRT vai permitir que o Rio de Janeiro se encontre e redescubra sua verdadeira identidade."

Eduardo Paes
Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=4756186

"Paes reforçou que a implantação será gradual e levará benefícios à população local. "Uma área inacessível, detonada, degradada da cidade foi transformado em um lugar onde a mobilidade está totalmente facilitada. Não se faz só a implantação das estações do BRT, faz drenagem, qualifica, faz calçadas, implanta praças, área de lazer", disse."

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/05/paes-testa-brt-transcarioca-dois-dias-antes-de-inauguracao-com-dilma.html

" Em nota, a Secretaria municipal de Obras informou que a implantação do Parque Madureira reduziu em três graus a temperatura da região. De acordo com o órgão, a prefeitura realiza “ações a fim de reduzir a sensação térmica na cidade” e que a implementação dos BRTs é acompanhada pela reurbanização das regiões em torno e do plantio de árvores."
http://extra.globo.com/noticias/rio/verao/obras-no-rio-elevam-temperatura-do-solo-em-vinte-graus-15065781.html



"Com 39km de extensão e 47 estações, a Transcarioca passa por 27 bairros que ganharam, como consequência das obras do corredor, uma verdadeira transformação. Calçadas e pavimentação novas, reestruturação no sistema de drenagem, melhoria na iluminação, passarelas e novos semáforos foram algumas das mudanças em bairros como Vicente de Carvalho, Vaz Lobo, Madureira, Campinho, Jacarepaguá, Penha e Ramos."

http://www.cidadeolimpica.com.br/orgulho-da-transcarioca/


Mas vamos aos fatos depois da obra entregue: olhamos para o bairro e questionamos: Que legado foi este prometido que nunca chegou na Região? As reportagens abaixo mostram tudo que não combinam com as promessas acima. Em alguns casos, as respostas às reportagens não correspondem a verdade e as novas promessas são esquecidas. Nada do que foi afirmado aqui foi solucionado em quase dois anos de operação do BRT Transcarioca

Mobilidade:


Passarela abandonada:
http://oglobo.globo.com/eu-reporter/passarela-em-ramos-esta-abandonada-com-sujeira-tem-problema-de-iluminacao-14450852

Passarelas e praças destruidas:
http://videos.r7.com/moradores-reclamam-de-obras-inacabadas-em-passarelas-no-rio/idmedia/55f9bebc0cf207122e7379b3.html

Passagem subterrânea abandonada:

http://oglobo.globo.com/eu-reporter/falta-conservacao-em-passagem-da-supervia-em-ramos-18041720

Erros de projeto em Ramos:
http://odia.ig.com.br/noticia/observatorio/2015-08-23/itdp-recomenda-correcoes-nos-caminhos-dos-novos-brts.html
Documento fonte da reportagem: http://itdpbrasil.org.br/relatorio-ruas-completas-ao-longo-do-transcarioca-oficina-de-desenho-e-seguranca-viaria/

Erros de Projeto em Ramos
http://oglobo.globo.com/eu-reporter/grade-do-brt-colocada-em-curva-da-rua-teixeira-de-castro-expoe-motoristas-acidentes-14938874
Erros de projeto em Ramos
http://odia.ig.com.br/odia24horas/2015-11-11/mulher-fica-gravemente-ferida-em-acidente-na-zona-norte-do-rio.html

Erros de projeto em Ramos
http://extra.globo.com/noticias/rio/brt-transcarioca-provoca-engarrafamento-nas-transversais-14177986.html
Esporte, Cultura e Lazer:

Apesar da LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE RIO DE JANEIRO/RJ descrever claramente:
Art. 235 As áreas verdes, praças, parques, jardins e unidades de conservação são patrimônio público inalienável, sendo proibida sua concessão ou cessão, bem como qualquer atividade ou empreendimento público ou privado que danifique ou altere suas características originais.

Temos:


Destruição de áreas de esportes e praças. Cidade Olímpica desestimulando esportes?
http://extra.globo.com/noticias/rio/moradores-de-ramos-na-zona-norte-do-rio-ficam-sem-area-de-lazer-apos-obras-do-brt-15961591.html

Destruição de áreas de esportes e praças. Cidade Olímpica desestimulando esportes?
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/com-pracas-inutilizadas-moradores-de-ramos-ficam-sem-opcoes-de-lazer-18084781

E seus resultados claros:
Falta de opções de áreas de lazer:
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/01/imagens-mostram-criancas-brincando-no-meio-da-pista-do-brt-no-rio.html

Falta de opções de áreas de lazer:
http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/avenida-brasil-vira-area-de-lazer-durante-interdicao-das-pistas-no-feriado/3298809/

Falta de opções de áreas de lazer:
http://www1.folha.uol.com.br/vice/2015/08/1665115-e-temporada-de-pipa-no-corredor-do-brt-transcarioca.shtml

Impacto Ambiental. Onde estão as arvores que a SMO afirmou na materia lá no inicio?
http://oglobo.globo.com/eu-reporter/arvores-nao-foram-replantadas-em-ramos-17845963#ixzz3pPZICBa3

Projeto de cultura que não avança, embora tenham construido um museu carissimo na Praça Mauá:

2012: http://odia.ig.com.br/portal/rio/um-final-feliz-para-cinemas-de-rua-1.415062

2014: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/promessa-de-resgate-de-cinema-em-ramos-11861309

2015: http://oglobo.globo.com/rio/design-rio/apos-anos-de-abandono-antigos-cinemas-de-rua-do-rio-vivem-suspense-da-reestreia-16441474


Segurança:

Insegurança no "Legado"
http://oglobo.globo.com/rio/onibus-do-brt-transcarioca-apedrejado-na-zona-norte-17632579#ixzz3n4ovttTa
Insegurança no "Legado"

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/passageiros-relatam-rotina-de-roubos-e-arrastoes-no-brt-veja-imagens.html

Insegurança no "Legado"

http://oglobo.globo.com/rio/homem-esfaqueado-dentro-de-onibus-do-brt-durante-assalto-na-estacao-de-olaria-16491324
Insegurança no "Legado"

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/vandalismo-no-brt-gera-prejuizo-de-r-150-mil-ao-mes-veja-flagrantes.html

Insegurança no "Legado"

http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-05-03/rotina-de-medo-assaltos-nos-onibus-do-brt-sobem-147.html


Como a diferença entre o necessário, o divulgado e o executado pode ser tão grande?

Quase 2 anos após a inuguração e próximo às Olimpiadas , Ramos e a zona da Leopoldina continuam no Rio de Janeiro, mas fora da Cidade Maravilhosa ou da Cidade Olímpica, mesmo sendo caminho obrigatório do turista que sai do Galeão de BRT.

A primeira impressão é a que fica...

domingo, 15 de novembro de 2015

Resumo de Ramos, para quem não conhece os graves problemas do bairro

De forma a deixar clara as mazelas do bairro de Ramos, na Cidade Maravilhosa, ou como chamam agora: Cidade Olímpica, ou mais tradicional: São Sebastião do Rio de Janeiro; fizemos um resumo do que fingem ignorar neste que é o tradicional reduto do que mais gera receita no município: o samba. 
A locação do Cacique de Ramos e da Imperatriz Leopoldinense e nosso bairro criam uma dicotomia do esmero da Prefeitura em cuidar deste patrimônio imaterial que não se reflete no patrimônio material do nosso bairro.

Capitulo 1: Mobilidade em Ramos


Como grande parte dos subúrbios cariocas, Ramos já nasceu cortado ao meio pelos trilhos da ferrovia do ramal da estação Leopoldina, por isto é considerado um dos bairros da zona da Leopoldina.

Nesta foto da década de 1920 já é possível identificar o "buraco" de Ramos


Como todos os bairros da zona da Leopoldina, tem neste seccionamento do bairro pelos trilhos do trem um grande desafio de mobilidade. "Buracos" (passagens subterrâneas), passarelas e viadutos foram construídas com intuito de reduzir este grande impacto , mas não atendem mais aos critérios de acessibilidade e nem sequer de manutenção.

Viaduto Sâo Cosme e Damião, parte das soluções para interconexão de Ramos

No diagnostico destas passagens, temos algumas reportagens sobre:

Passarela em Ramos está abandonada, com sujeira e tem problema de iluminação 
Matéria em integra:

Moradores reclamam de obras inacabadas em passarelas no Rio

Falta conservação em passagem da SuperVia em Ramos

Mas ainda temos outros pontos de atenção, que de tão acostumados ao errado, esquecemos de cobrar o certo:

O BRT Transcarioca, declarada como Legado Olímpico do bairro, fez na Rua Emilio Zaluar algo impar em todo o seu trajeto! É o unica via de todo trajeto de todo o corredor onde a velocidade máxima é de 20km/h, por razões óbvias: também é a única rua residencial por onde o BRT passa. 

BRT Transcarioca Ao longo de 27 bairros, a Transcarioca liga a Barra da Tijuca à Ilha do Governador, diminuindo distâncias e trazendo mais rapidez ao dia a dia
Leia em integra o que foi vendido a população carioca:

http://www.cidadeolimpica.com.br/orgulho-da-transcarioca/

Destaco o seguinte paragrafo deste site:

"Com 39km de extensão e 47 estações, a Transcarioca passa por 27 bairros que ganharam, como consequência das obras do corredor, uma verdadeira transformação. Calçadas e pavimentação novas, reestruturação no sistema de drenagem, melhoria na iluminação, passarelas e novos semáforos foram algumas das mudanças em bairros como Vicente de Carvalho, Vaz Lobo, Madureira, Campinho, Jacarepaguá, Penha e Ramos."

E remeto a reportagem da Rede Record acima mencionada e pergunto: Que passarela?

Já que também foram citadas calçadas pela Cidade Olímpica, voltemos a Rua Emilio Zaluar:

Rua Emilio Zaluar, em Ramos, após as obras do BRT Transcarioca



Conseguem observar como a calçada ficou após este legado? Em alguns trechos apenas com 60 cm de largura, e estes míseros disputados por postes, latas de lixo, carros e, quem menos tem direito em toda esta estória: o pedestre!

A versão da estória que contam é que os moradores não foram desapropriados em um ato de bondade da Prefeitura, bondade esta que deixou-os sem calçada, sem vagas de garagem, sem árvores para auxiliar no verão carioca e sem paz (este abordarei mais à frente no texto). 

Usaram de enrolação, de falta de orientação, até mesmo de uma ou outra proposta irrisória de remuneração pelo imóvel para que o próprio morador de Ramos aceitasse esta situação de não desapropriar. Um valor correto, que permitisse o morador continuar morando no bairro (afinal, o que não falta em Ramos são imóveis vagos) estava além da possibilidade financeira de oferta da própria Prefeitura do Rio!

Achamos o motivo do ato de bondade, de não oferecerem um valor justo para desapropriar imóveis como originalmente previsto (veja a lei que citava os imóveis aqui: http://www.ademi.org.br/article.php3?id_article=52746):


Mergulhões do Transcarioca custaram o dobro, diz TCM

Destaque nosso da matéria:

"Auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ) pede à Prefeitura do Rio a devolução de R$ 66 milhões referentes a obras no Transcarioca. O dinheiro foi um ‘extra’ usado na construção de dois mergulhões na Barra, que custaram R$ 133 milhões, o dobro do valor previsto no projeto"

Deixando mais simples: precisavam economizar o que gastaram a mais na Barra da Tijuca! Melhor forma? fazendo porcamente a obra em Ramos, pois a Barra da Tijuca não pode ficar feia. Aliás, lembram de nossa passarelas por sobre o trilhos da Supervia, sendo que uma foi demolida pela Prefeitura para passar a Transcarioca? Observem o padrão das passarelas construídas na Barra da Tijuca:

Passarela do BRT Transcarioca, inaugurada recentemente na Barra, alaga em dia de chuva fraca
Uma passarela larga, com rampas e corrimão de aço escovado, com um pequeno erro de caimento da chuva, mas que foi prontamente resolvido pela Secretaria Municipal de Obras! Quanto a Ramos? Nenhuma passarela ou correção das obras...

Os otimistas dizem: mas ganhamos muito com o BRT Transcarioca, mas fica a pergunta: quem tem coragem de usar?



E esta, que prometi voltar com o tema da Rua Emilio Zaluar:


Depois de ler sobre calçadas, passarelas e BRT que não atendem as necessidades básicas de segurança, você que anda de carro pensa que nada tem a ver com isto, mas reavalie:

BRT Transcarioca provoca engarrafamento nas transversais


Matéria em integra:

http://extra.globo.com/noticias/rio/brt-transcarioca-provoca-engarrafamento-nas-transversais-14177986.html

Lembrando: Não somos contra a Transcarioca, mas somos contra obras mal feitas com o nosso dinheiro!

Em um momento, a Prefeitura do Rio fingiu querer nos ouvir através de um programa chamado "Desafio Àgora", uma plataforma de relacionamento do cidadão com a mesma. Então juntando esforços, de forma a continuarmos agindo em prol da qualidade de vida em nosso bairro, fizemos uma proposta para Ramos:


Elevar ou colocar subterrâneos os trilhos da Supervia em bairros estratégicos
Leia em integra:

Destaque:

"Estes dois diagnosticos levam a proposta de elevação dos trilhos ou implantação de passagem subterrânea dos trilhos, entre as Estações de Bonsucesso e Ramos, resultado em reconexão dos lados do bairro e em uma grande área de lazer para a população. A liberação das áreas a nível do chão permite um deslocamento a pé e um fluxo de pessoas mais intenso reintegrando e permitindo aos bairros crescerem, gerarem emprego e reduzirem a necessidade de deslocamento."

Mas então pegam a ideia que foi proposta para Ramos e aplicam em vários bairros, menos Ramos:

"Outro projeto importante é o da reformulação das principais estações ferroviárias das zonas Norte e Oeste da cidade, com o rebaixamento do leito ferroviário, eliminação de barreiras visuais nos bairros, a reintegração dos bairros separados pela linha férrea e o reestabelecimento da circulação de pessoas e veículos ao nível do solo. Entre as possíveis áreas do projeto estão Pavuna, Rocha Miranda, Penha, Bangu, Penha Circular, Mercadão de Madureira, Pilares, Campo Grande, Cascadura/Madureira, Central, Santa Cruz, Méier e Engenho Novo."

Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5665645

E assim vamos ficando para trás, sendo usados como massa de manobra e de geração de votos na eleição, sem que nada nos seja revertido...


Próximo capitulo: Lazer em Ramos