Impactos da
Transcarioca no bairro de Ramos
Muito se vem falando sobre o impacto que a Transcarioca vem
causando aos subúrbios cariocas, com a proposta de transporte rápido e
urbanização do entorno de seu trajeto,
mas esta não foi a realidade no bairro de Ramos.
Quando do lançamento do projeto Transcarioca, o trajeto
original previa apenas a ligação da Barra da Tijuca até a Penha, atendendo
assim o antigo projeto T5 (Transversal 5). Entendendo a falta de opção de
transporte do Aeroporto, este trajeto foi complementado para seguir um pedaço
do antigo T4 (Transversal 4), incluindo Olaria, Ramos e Ilha do Governador.
Esta inclusão foi planejada utilizando a Estrada do Engenho da Pedra, que mais
uma vez teve seu trajeto alterado devido a discordância da população local.
Como fruto de tantas alterações, o projeto foi cada vez mais
encurtado em seu planejamento, resultando em um curto prazo de execução.
O bairro de Ramos então acabou sendo o ultimo a ter a obra,
pelo menos do trajeto, concluído para a inauguração no mês de junho. Este prazo
apertado teve consequências para os moradores do bairro.
Qualidade e prazo:
Para que o prazo de inauguração se cumprisse, alguns
problemas foram aparecendo. Enquanto saiam reportagens falando que trechos do
concreto estavam rachando e trincando durante o trajeto, em Ramos nem concretaram
a via do BRT. O antigo asfalto que já atendida a Rua Cardoso de Morais, mesmo
que não preparado para esta carga extra, agora segue como parte do trajeto sem
a característica segregação de pistas.
Praças e ruas
ocupadas
Muitas árvores e praças foram retiradas para permitir também
a passagem da Transcarioca, e muitas não foram repostas. As quadras existentes
na Travessa Viúva Garcia e na Rua Teixeira de Castro, na saída da Av. Postal,
deixaram de existir e a Praça Mourão Filho teve seu tamanho reduzido à metade.
Uma área carente de lazer, a perda de três espaços destinados a este fim causou
grandes perdas.
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A quadra tamanho society foi reduzida a uma quadra pequena. A Praça perdeu suas arvores e agora só há concreto. |
Para tentar compensar a derrubada de arvores no trajeto, a
Prefeitura anunciou o plantio de varias mudas para repor, porém tudo que se vê
é concreto sem uso definido, com vasos e arvores incompatíveis entre elas e sem
terra. Até a grama foi plantada diretamente sobre entulho, quase como varrido para debaixo do
tapete.
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As palmeiras foram plantadas em vasos sem terra, mesmo com tanto espaço para planta-las diretamente no chão |
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Um grande espaço vazio e sem uso entre a descida do Viaduto Renatinho Partideiro e a Rua Cardoso de Morais |
As ruas residenciais também foram descaracterizadas, onde a
Transcarioca representa mais risco que benefício a população local. A Rua
Emilio Zaluar, apesar de ter um lado integralmente declarado como desapropriado
por decretos da Prefeitura, para alargar a rua para a passagem do BRT, não
seguiu com o processo de desapropriação, colocando os moradores em risco. A
pista deixada para o uso dos mesmos acessarem suas casas não permitem a manobra
dos veículos, forçando-os a ficarem atravessados na pista segregada para entrarem
e saírem de suas residências.
Até mesmo empresas na Rua Emilio Zaluar, que utilizam
caminhões, são forçadas a manobrarem seus veículos dentro das faixas
exclusivas, alertando a todos da forma que é possível.
Os que perderam suas garagens utilizam das calçadas para
seus veículos, porém não somente estes carros tornaram-se obstáculos. As finas
calçadas, com vasos de planta, placas e fios elétricos impelem o pedestre a se
arriscar na rua.
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Pedestre desvia dos obstaculos, arriscando-se nas ruas e faixas segregadas |
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A fiação da rede elétrica solta impede o uso da calçada na Rua Emilio Zaluar e é um risco constante de choques e morte. |
Demanda local de
transporte
Foi construída uma enorme estação de integração do sistema
na Av. dos Campeões, entre a Rua Emilio Zaluar e a Av, Teixeira de Castro,
porém não há demanda nesta região, enquanto que na Passarela 10 da Av. Brasil,
popularmente conhecida como Caracol, existe um ponto de ônibus com maior
circulação de pessoas da Av. Brasil com destino ao Aeroporto.
Não bastando a ausência de uma estação, foi colocada uma
passarela provisória, denotando a falta de planejamento, para que estas pessoas
que tem destino ao Aeroporto atravessem a pista da Transcarioca e possam andar
quase 1 quilometro até esta enorme estação de integração
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Assim como na estação de integração, o espaço disponível sobre o rio possibilitaria a implantação de uma estação |
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A grande estação de integração, construida sobre o rio a quase 1 km da Av. Brasil |
A passarela tem a estrutura frágil e só permite uma pessoa
por vez na escada, além de ser uma grande dificuldade aos deficientes e idosos.
Em nada esta passarela lembra a grande estrutura construída
na Barra da Tijuca, embora ambas sejam produtos do projeto da Transcarioca
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O improviso da passarela e o uso por idosos representa risco a população local e usuários do sistema |
Acabamento da Obra
O ritmo no bairro foi realmente de conclusão de obras até a
inauguração, pois após isto não foi visto mais nenhum operário trabalhando no
local, porém a dita conclusão deixa
muito a desejar no prometido acabamento urbanístico.
Junto ao Viaduto Renatinho Partideiro, o canteiro de obras
deixou suas sequelas, seja no que já existia antes da obra, com asfaltamento de
péssima qualidade da Rua Cardoso de Morais ou no sinal de pedestre tampado com
concreto, ou seja na integração com o que acabou de ser construído.
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Usado como área de suporte de estrutura para o viaduto durante a obra, os buracos não foram asfaltados na Rua Cardoso de Morais |
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As muretas e muros do viaduto São Cosme e Damião não foram reconstruidos, deixando inclusive buracos na via |
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Não concluíram o reasfaltamento da Av. dos Campeões liberada ao transito, deixando um perigo aos motoristas desavisados. |
Clima de insegurança no
bairro
Algumas
áreas que foram utilizadas como pátio de obras estão sendo entregues
completamente vazias, sem uso claro pelo projeto da Transcarioca ou pela
Prefeitura. Considerando que o bairro é margeado pela Av.Brasil, os
consumidores de crack que estavam alojados na pista lateral fechada para a obra
não desapareceram após a liberação para o transito. Hoje eles ocupam as ruas de
Ramos, drogando-se e vivendo de furtos. De acordo com dados do ISP (Instituto
de Segurança Pública), o número de roubos e furtos no bairro aumentaram 30% em
relação a 2013.
As
áreas vazias que ficaram entre o Viaduto Renatinho Partideiro e a Rua Cardoso de
Morais, representam um risco a segurança da região. Considerando a perda de
tantas praças e quadras esportivas, ainda não há confirmação de que este será o
destino de todo este espaço. Uma das opções também é inclusão de um posto de
policiamento ou uma delegacia no local, de forma a combater o crime local e
ocupar positivamente o território desocupado.
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Em amarelo, a área desocupada para canteiro de obras (Fonte – vídeo no youtube, canal Cidade Olimpica) |
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A área que era pátio de obra foi deixada com chão de terra, sem uso ou projeto para a população local. |
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Sem iluminação e sem segurança, a área poderá virar uma nova favela com ocupação irregular |
Urbanismo do entorno
Apesar da garantia do prefeito que o projeto Transcarioca
seria mais que a passagem de um ônibus por um bairro, que seria uma grande
mudança na vida do bairro, a estação da Transcarioca implantada na Travessa Viúva
Garcia não tem acesso ao outro lado de Ramos, que é um bairro cortado pelos trilhos da
Supervia. Não há uma passarela construída para a travessia, e a outra que já
existia a 400 metros da estação, encontra-se exatamente como antes da obra.
Hoje se alguém for fazer uso do BRT para chegar ao lado de
Ramos (Rua Uranos por exemplo), após andar 400 metros terá este cenário pela frente:
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Esta é a passarela que atenderá ao publico da Transcarioca em Ramos, para atravessar os trilhos da Supervia, com o acumulo de anos de lixo |
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Esta é a sinalização viária do local da implantação da Estação da Transcarioca. |
Enfim, a conclusão que pode-se chegar é que o bairro ficou muito aquém das promessas políticas sobre o Projeto Transcarioca de BRT.
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